A NASA lançou, no último dia 26 de novembro, da Flórida, um monstro robótico de uma tonelada que vai levar a exploração planetária para um próximo nível. O viajante, com o tamanho de um carro e o nome Curiosity (Curiosidade), é a peça central da missão Laboratório Científico de Marte (LCM). Com preço de 4,5 bilhões de reais, o objetivo é saber se o planeta vermelho é, ou foi, capaz de abrigar vida microbial. A nave tem dez diferentes instrumentos científicos para ajudar na resposta da questão. Como só vai chegar a Marte lá por agosto de 2012, veja aqui uma prévia dos instrumentos e suas funções:
1 – CÂMERA DE MASTRO
A câmera é o centro de imagens do robô. Ela vai tirar fotos em alta resolução e filmar a paisagem vermelha, para estudos posteriores. A câmera de mastro consiste em dois sistemas de imagem montados em um mastro acima do corpo principal da Curiosity, para que o campo de visão do planeta seja aumentado. Elas vão ajudar também a movimentação do carro.
2 – LENTE DE AUMENTO
Ela vai funcionar como um microscópio, que vai ajudar os cientistas a ver mais de perto as rochas e solo marcianos. O instrumento vai tirar fotos coloridas de objetos menores do que um fio de cabelo humano. A lente fica no final do braço robótico da Curiosity, dividida em 5 partes e com 2,1 metros de comprimento.
3 – CÂMERA DE DESCIDA
Uma pequena câmera localizada no corpo do robô vai gravar a descida à superfícies (com a ajuda de um guindaste espacial). Ela vai clicar cerca de dois quilômetros acima do chão, assim que a Curiosity acionar o escudo de calor. Serão tiradas cinco fotos por segundo, até a aterrisagem completa. O material será importante para que a equipe planeje os movimentos de solo, e para coletar informação sobre o local de pouso, uma cratera com 160 quilômetros de largura.
4 – AMOSTRAS
O sistema de amostras é o coração da Curiosity. Com apenas 38 quilogramas, é praticamente metade da importância do carro. O sistema é formado por três instrumentos separados – um espectrômetro de massa, um cromatógrafo de gás e um espectrômetro de laser. Eles vão procurar por compostos de carbono – as peças formadoras da vida como conhecemos, e outros como hidrogênio, oxigênio e nitrogênio. O equipamento fica no corpo do robô. O braço mecânico vai colocar as amostras do interior de rochas dentro do sistema de análise. Nenhum dos antecessores da Curiosity conseguiu penetrar nas rochas, então a espera é ansiosa. “Para um geólogo que estuda rochas, não há nada mais emocionante do que o interior delas”, comenta a cientista do projeto, Joy Crisp.
5 – QUÍMICA E MINERALOGIA
Serão identificados e quantificados diferentes tipos de minerais em Marte, o que vai ajudar os cientistas a entender melhor as condições do ambiente do planeta vermelho. Como o sistema de amostras, esse também tem um compartimento para coletar amostras a partir do braço robótico. Um raio-X será aplicado no produto, identificando estruturas cristalinas. “Isso é como mágica para nós”, comenta Crisp. O raio-X é novo nas missões de Marte, já que naves anteriores não o possuíam.
6 – QUÍMICA E CÂMERA
Em matéria de estilo, é difícil bater esse sistema. O instrumento vai lançar um laser de até 9 metros nas rochas marcianas, para analisar a composição dos vapores liberados. Também será possível estudar rochas fora do alcance do braço, e determinar se vale a pena investigar algo específico. O sistema é composto de diferentes partes. O laser está no mastro, junto com a câmera e um pequeno telescópio. Três espectrógrafos ficam no corpo do robô, conectados ao mastro por fibras ópticas. Os espectrógrafos vão analisar a luz emitida por elétrons excitados no vapor das rochas.
7 – ESPECTRÔMETRO DE PARTÍCULAS ALFA COM RAIO-X
Localizado no braço da Curiosity, esse sistema vai mensurar a quantidade de vários elementos nas rochas e poeira de Marte. O robô vai colocar o instrumento em contato com as amostras, atirando raios-X e núcleos de hélio. Esse bombardeamento vai bagunçar os elétrons do alvo, causando uma liberação de raios-X. Os cientistas vão poder identificar elementos baseados nas características energéticas desses raios liberados. Naves passadas possuíam uma versão anterior do sistema, que usaram para ajudar a elucidar o papel da água na formação do solo marciano.
8 – REFLETOR DINÂMICO DE NÊUTRONS
Localizado perto das costas do corpo da Curiosity, ele vai ajudar o robô a procurar gelo e minerais com água, abaixo da superfície marciana. O instrumento vai atirar raios de nêutrons no chão, e analisar a velocidade com que eles retornam. Átomos de hidrogênio tendem a desacelerar os nêutrons, o que indica a presença de água ou gelo. O sistema vai mapear concentrações menores do que 0,1% e até 2 metros de profundidade.
9 – DETECTOR DE RADIAÇÃO
O sistema, que tem o tamanho de uma torradeira, foi desenhado especificamente para o preparo de futuras missões humanas em Marte. Ele vai quantificar e identificar radiações energéticas de qualquer tipo, de prótons em alta velocidade até raios gama. As observações vão ajudar os cientistas a determinar a quantidade de radiação que um astronauta estaria exposto. Elas também podem ajudar os pesquisadores a entender quanto da radiação ambiental pode ter afetado a origem e evolução da vida em Marte.
10 – ESTAÇÃO DE MONITORAMENTO AMBIENTAL
Essa ferramenta, localizada na metade do mastro, é uma estação meteorológica marciana. Ela vai medir a pressão atmosférica, umidade, velocidade do vento e direção, temperatura do ar, do solo, e radiação ultravioleta. Toda a informação será colocada em relatórios diários e sazonais, permitindo que os cientistas tenham uma visão detalhada do ambiente em Marte.
11 – EQUIPAMENTO DE ENTRADA, DESCIDA E POUSO EM MARTE
Esse na verdade não é um dos 10 instrumentos da Curiosity, já que foi construído dentro do escudo térmico que vai proteger a descida do robô na atmosfera marciana. Mas vale algumas palavras aqui. O instrumento vai medir a temperatura e pressão que o escudo recebe durante a entrada no céu de Marte. As informações vão dizer aos engenheiros o desempenho do escudo e da trajetória da Curiosity. Ele é importante para definir as futuras missões em Marte.
Fonte: NASA